sábado, 14 de agosto de 2010

Vivenciar a Cultura Lusa

VIVENCIAR A CULTURA LUSA
Música Popular e Identidade Nacional
J. Jorge Peralta
Caros Amigos,

1. Congratulo-me com a vossa veemente manifestação, em defesa de 
nossa rica música popular genuína, e, por tabela, em defesa de nossa identidade nacional. Seus comentários obrigam-me a retomar algumas ideias que tenho desenvolvido no site ”tribunalusofona.blogspot”. Algumas dessas ideias também foram publicadas em outros sites.
Abordo aqui a gênese do descaso por nossa cultura, sem intenção de ser exaustivo. Proponho alguns elementos  para reflexão.
No Facebook “Portugal tem orgulho de Dulce Pontes”, há  algum tempo, foi divulgada uma entrevista da Dulce a uma rádio, em que ela reclamava exatamente do pouco prestígio  e conseqüente pouco espaço que a mídia portuguesa oferece  à divulgação da música portuguesa. Confirmou  assim a denúncia  feita por “Amadis de Gaula”. É lastimável que uma rádio, do porte da Rádio Renascença, siga os mesmos vícios que são impostos  e submetidos pelo mercado, pela  política dominante, ou por outros controladores. Acredito que isso atente mais aos vícios anti-nacionais e anti-lusófonos, que são impingidos à população e que leva muitos a desprezarem tudo o que é produto nacional, num europeísmo tacanho...

2. Se bem repararmos, veremos que, na Internet, muitos só escrevem em inglês, ainda que escrevam apenas para o falante do português.
É assustador como o neocolonialismo Opressivo moderno consegue se impor através dos meios de comunicação e da massificação do subconsciente coletivo, em nome da “liberdade” (?!). As pessoas vão perdendo imperceptivelmente sua personalidade e seu caráter, sua identidade, aderindo ao pensamento único, despersonalizado, despersonalizante e anódino. Vejam que o neocolonialismo, expulso da África, chegou a Europa, mascarado.
Para se preservar atrás de biombos furados, os detentores do poder impõem a lei da mordaça, do “cala a aboca” “comprando” os meios de comunicação. A opinião pública é mascarada e confundida com a opinião publicada e bem armada...
Em mentes condicionadas e pré-programadas pelos ideólogos de plantão, a Internet como único baluarte da “liberdade”, poucos atinge. Mas assim mesmo temos de insistir e nunca desistir.

3. Muitos dos portugueses, com menos de 30 anos, não acreditam no seu país, no pós 25 de Abril . Nem em si mesmos (?!) Por quê? Porque, Porque quando a família não conseguiu socorrê-los, muitos foram educados, e seu ideário foi formado, por um governo (ou desgoverno) de alguns entreguista  que desnacionalizou o país e despatrializou a mente  de muitas crianças e jovens, com uma campanha  cerrada, contra o que há  de melhor  em Portugal: o seu povo, a sua história, o seu potencial psico-social e empreendedorístico, seu amor ao trabalho, a sua dedicação sem limites às coisas em que cremos. Criou apátridas.

Os formadores de opinião inventaram uma farsa: a “pátria” européia, que nunca existiu. E nunca existirá. A nossa língua sonora, bela, forte e gentil, muitos vão trocando pelo inglês. Até para falar com seus patrícios, eles usam o inglês. Mas isso passa... É doença leve... A maviosa Língua Portuguesa ninguém esquece.
Portugal, com suas forças profundas, é desconhecido de muitos. É-lhes escondido.
O Portugal profundo não está nos manuais calhordas dessa canalha apátrida, sendo, alguns, dos desertores dos ideais da nação, vendidos a forças estranhas de pendor consumista, inveterados, farsantes. Eles sempre desprezarão nossa cultura e nossa música genuína.
Vieira nosso magno orador, dizia:
Não me temo da Espanha,
Temo-me desta canalha...”

Com os estranhos é mais fácil reagir; com os de casa é mais difícil perceber-lhe as traições.
Devemos cuidar de nosso imenso patrimônio cultural, principalmente das canções que embalam o nosso espírito e nos falam à alma. Defender a nossa cultura genuína é defender a nossa identidade; é defender a nossa soberania. Música é cultura que une povos e corações.
Cada um deve cuidar do que é seu.

4. O Brasil tem o Samba, tem música sertaneja, mas tem também outras modalidades de músicas genuínas. Também Portugal tem o doce Fado, mas tem outras modalidades de músicas genuínas, para a satisfação e entretenimento dos diferentes gostos populares.
No Brasil temos, sim, muitos e bons cantores, representantes e interpretes da música portuguesa de melhor qualidade. Nomeio apenas três: o Roberto Leal, a Bibi Ferreira, a Fafá de Belém, a Glória de Lurdes, entre muitos outros, que precisariam, no entanto, modernizar um  pouco os seus repertórios. A Dulce Pontes, e outros cantores da alma lusa deveriam estar no Brasil mais frequentemente. Eles revitalizam as comunidades pois lhes falam à alma.
Não podemos atender apenas às forças do mercado, que só pensam no resultado financeiro, ou em prestigiar os amigos, que nem sempre são o que  Portugal tem de melhor.
Insisto que nossa cultura e nossa música, em particular, revela e fortalece a alma da nação, a alma e a alegria do povo,  pois fala ao nosso sentimento coletivo.

5. Diante disto aprofundo a minha opinião:
A nossa cultura genuína precisa  ser preservada a qualquer custo.
Querem matar a alma portuguesa?! Isto seria um notório genocídio cultural, intolerável e imperdoável. Uma perda imensa para a humanidade  que não pode ser esquecida.Se o governo está fazendo tudo para destruí-la, não nos acovardemos. O governo não é o povo, nem sempre o governo representa o povo. Alguns governos são anti-nação.
Se cada um fizer a sua parte, as nossas Associações aprenderão a lição, ao menos por vergonha de seus atos anti-sociais e traiçoeiros, às vezes involuntários ou despercebidos, pela superficialidade suicida reinante.
Bem hajam todos os que levantarem a sua voz para defender tão nobre causa: a música portuguesa genuína nas nossas comunidades, pelo mundo a fora.
(Lembro que também estão fazendo este genocídio cultural com nossa excelente arte culinária, mas este já é outro tema para outra oportunidade).
Lembro que a cultura portuguesa é um tema vital para a sobrevivência de Portugal e da Portugalidade. Interessa a todos. Não subestimemos os nossos opositores, que fingem estar do nosso lado, e marginalizam nosso modo de ser na vida e no mundo, subestimando a nossa belíssima cultura multissecular.
Levantemos bem alto e mente altiva as bandeiras dos valores essenciais da nobre alma lusa. Está na hora de acordar!
Para complementar essas ideias leia mais:



Nota: Texto escrito para aprofundar ideias de questão anterior,
          atendendo a comentários pertinentes de leitores.

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