segunda-feira, 5 de maio de 2008

Vieira, Um Desafio : Divulgar sem Vulgarizar

VIEIRA, UM DESAFIO

Divulgar sem vulgarizar.



1. Vieira é, para todos, um grande desafio; um grande tesouro a descobrir. A obra de Vieira é suficiente para dar ao seu país um lugar imortal entre as grandes nações. Obras como os Sermões de Vieira, imortalizam a língua e seu país.


Como falar com segurança plena de um homem que publicou 15 (quinze) volumes de Sermões, três volumes de Cartas, além de outros volumes sobre variados assuntos, incluindo a História do Futuro e a Chave dos Profetas? Como falar das geniais utopias de Vieira sem o risco de vulgarizá-las? Aliás, muitos já fazem isto(!!) perdendo-se em críticas ingênuas, vazias e infantis que apenas denuncia a fragilidade de competência do crítico, nas dimensões do assunto.

Como não falar com humildade de um autor a quem Fernando Pessoa chamou “O Imperador da Língua”? Outros o chamam “Príncipe dos Oradores Evangélicos” ou o “Gigante dos Púlpitos”. Outros o chamam um dos maiores oradores de todos os tempos. “A parte isto, foi um grande filósofo, um grande estrategista, um grande e dinâmico diplomata e muito mais.


Os indígenas e os entendidos do seu tempo lhe chamavam O Grande, aplicando-lhe o título dado a grandes generais: Alexandre, o Grande; Pedro, o Grande; Carlos Magno (o Grande); Catarina, a Grande entre outros.

Perguntamo-nos sempre como fazer para divulgar e tratar das obras de Vieira, sem banalizar o grande autor. Assim sendo, tomamos todos os cuidados para realçar o seu espírito de firmeza e ousadia, respeitando-o.


Consideramos que “é melhor acender uma vela do que maldizer a escuridão”. Procuramos fazer o melhor, mas conscientes de que ele será sempre muito maior do que a nossa precária apreensão.

2. Consideramos que Vieira está fazendo muita falta em nosso contexto cultural.
Consideramos que é preciso fazer justiça à obra monumental deste homem dotado de sabedoria e competência fora do comum dos mortais.

Consideramos que a grande luz que Vieira produziu não pode continuar resguardada no silêncio e na penumbra das grandes bibliotecas, em acervos de “obras raras”, longe do alcance da mão dos estudiosos.


Consideramos que a obra de Vieira não pode ser sonegada dos olhos atentos dos estudantes.


Consideramos que, dada a complexidade, inconsistência e precariedade de algumas críticas em voga, escrever sobre Vieira não pode ser obra de desocupados, diletantes e oportunistas, mas de estudiosos consistentes e leitores atentos, de visão holística.

Consideramos que nem o Brasil, nem Portugal e nem o mundo moderno estão em condições de dispensar a sabedoria de Vieira e esquecê-lo.


Não o disponibiliza-lo por inteiro, é crime contra a cultura de nosso povo. Consideramos então que divulgar a obra de Vieira com qualidade, é um ato cívico e benemérito.


Não podemos sonegar ao povo o que é do povo: à nação o que é da nação.

3. É preciso, urgentemente, livrar “Vieira” de alguns séculos de campanhas difamatórias e injuriosas.

É preciso deixar de repetir as calúnias tramadas pelos Inquisitores, por simples ódio a Vieira e à Companhia de Jesus, por questões apenas políticas de circunstância.

Precisamos libertá-lo das afrontas tramadas contra ele pelo governo do Marquês de Pombal que, enfim, expulsou os jesuítas de Portugal e do Brasil e precisava elencar motivos plausíveis, ainda que forjados!!

Vieira tornou-se alvo privilegiado da política pombalina, cujos méritos não discutimos aqui.


Muitos autores ainda repetem tais afrontas sem visão crítica.

São idéias fora de lugar para quem sabe apenas repetir idéias alheias sem pensar.

Vieira foi vítima de sua grandeza e de suas ousadias. Foi vítima também da pequenez de uma política tacanha, que aliás, persiste por toda a parte.

No entanto, nada conseguiu escurecer o brilho da estrela de Vieira. Não esqueçamos que a maioria dos grandes homens da humanidade passou por isso: sofreu e injúria dos pigmeus, por inveja, por maldade ou por ódio...

Em todos os tempos, e em todas as culturas, homens que se destacam dos demais por seu vigor, sofrem o assédio e as afrontas dos pigmeus. É uma questão de inveja, maldade, ressentimento e até ódio incontido.

O Brasil e Portugal de hoje não podem permitir que um homem da estatura de Vieira, continue quase desconhecido ou mal compreendido entre muitos de seus “intelectuais” que apenas repetem surradas e inadmissíveis injúrias elaboradas e vulgarizadas pela Inquisição e outros seus inimigos ou inimigos de seu povo. O número dos grandes admiradores e leitores de Vieira precisa ser sempre ampliado.

4. Vieira, por ser um homem de gênio ousado, destemido e generoso, despertou muitos ódios e rancores com sua ação. Alguns desses ódios e rancores continuam sendo repetidos sem visão crítica, realista ou jurídica, perpetrando grande injustiça, para a nação e para o autor.


Vieira é de fato um dos homens mais completos e complexos. É uma das inteligências mais brilhantes de nossa terra e de nossa gente. Disso podemos nos orgulhar. Vieira está alinhado entre os grandes engenhos humanos produzidos pela humanidade.

5. Mais que falar de Vieira, é preciso disponibilizar sua obra para o grande público, principalmente para o público universitário e para os profissionais da palavra e da criatividade: filósofos, professores, advogados, arquitetos, educadores, etc, etc.


Vieira é um homem estudado em todo o mundo, por pessoas conscientes, desejosas de conhecer tesouros que ainda estão acessíveis a poucos privilegiados.

Os caçadores de tesouros de sabedoria encontram em Vieira, um manancial incrível.

Quem busca Vieira, com mente aberta, sem preconceitos e sem discriminação, com uma ampla e holística base de conhecimentos, com uma sólida experiência de vida, com uma consistente força matriz, encontra um tesouro de grandes dimensões.

Cada um entende Vieira na medida de sua própria competência de apreensão. Toda a apreensão e vivência da arte tem estas condicionantes: a competência do fruidor.

Vieira não é apenas um orador exímio.

Ele é um homem de uma ampla vivência do mundo e da vida. Nos seus Sermões tem toda a sua vivência, no trato das coisas da Côrte; nas atividades diplomáticas em diversos países; no tratamento com o povo nas cidades brasileiras dos séculos XVII; na atuação na Guerra de 30 anos com os holandeses; nas suas atividades como professor; em suas viagens pelo mundo; etc, etc.

Esta grande convivência com o mundo está subjacente na força desconcertante e arrebatadora de cada Sermão.

Vieira foi um homem de grandes experiências em situações inacreditáveis. No púlpito, não era um homem de conhecimentos livrescos.

Nas suas palavras estava o mundo real, concreto e desconcertante. Nunca foi apenas um teórico treinado.

Foi um homem que vivia as angústias e as esperanças dos homens de seu tempo.

Ele conhecia o seu rebanho e o nome de cada pessoa.

Nunca foi um livre-atirador. Era o médico que conhecia as “doenças” de sua gente pois vivia no meio dela.

Nos Sermões de Vieira, respira e fala a voz da humanidade. é seu porta-voz. E é também o mensageiro do todo Poderoso.

Ele é a voz de Deus e a voz de um povo que busca os melhores caminhos para uma vida melhor.

Por sua inteligência;

por sua dedicação, solidariedade e generosidade;

por sua luta pela justiça e pela dignidade de pessoa humana, sem discriminações;

por seu amor e dedicação ao seu povo e ao seu país;

por seu heroísmo e ousadia diante das dificuldades e por sua obra em tudo gigantesca, Vieira ocupa um lugar glorioso, entre maiores heróis da humanidade, no templo da honra e da fama.

Vieira sempre nos convida que façamos nossa lição de casa. Cada um faça a sua. Ler Vieira é crescer por dentro.

6. Leituras para entender Vieira.


Entre outras obras que consideramos básicas para entender Vieira, recomendamos a leitura de obras de André de Barros, seu primeiro biógrafo, de D. Francisco Rodrigues Lobo, João Lúcido de Azevedo, Afrânio Peixoto, Ernest Carel, Ivan Lins, Luiz Gonzaga Cabral, Hernani Cidade, Antônio Sérgio, Mário Gonçalves Viana, Pedro Calmon, etc. Veja outras indicações na Bibliografia Seleta, nesta série de estudos.

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