segunda-feira, 5 de maio de 2008

Caros Amigos do MIL,

Trouxe-me uma grande satisfação, e, porque não dizer, alegria, a leitura do Manifesto da Revista Nova Águia e a Declaração de Princípios e Objetivos do MIL. São certamente muito ousadas as vossas propostas, com as quais concordo na essência. Até porque na prática nem sempre a teoria é a mesma.
O ideal vai de avião e o real vai a pé. Esse Manifesto eu assino com muito prazer. Está muito bem feito.
Costumo defender ideais semelhantes, e sei que vale a pena. É muito auspicioso que as pessoas que defendem tais valores, tenham uma ou algumas organizações aglutinadoras.
Acho que há em nós “qualquer coisa de vital que não se conforma com o paradigma produtivista-consumista (...)”, como diz o Manifesto, que não se conforma com a coisificação das pessoas.
Talvez haja em nós a tal “saudade de não sei quê ainda desconhecido, vago e nebuloso” de que falava Teixeira de Pascoaes. Estes posicionamentos, poderão ter efetivamente, e não apenas afetivamente, muitos desdobramentos na vida das pessoas e das sociedades. Neste mundo de brumas é bom que alguém acenda luzes. Certamente a Nova Águia poderá trazer muitos benefícios ao pensamento dos países lusófonos.

As idéias que o Manifesto defende não são novas nem inéditas, felizmente, é claro, mas os srs. têm o grande mérito de as organizar num Movimento. Há muita gente que pensa assim, ao menos no Brasil e em Portugal.
Nos demais espaços lusófonos, certamente também. Mas essas pessoas estão dispersas. Em todos os países da Europa e, certamente, do mundo há muita gente pensando e lutando por ideais desse quilate. Agostinho da Silva foi um genial apóstolo dessas idéias, tanto em Portugal como no Brasil.
Mas há muitos outros pelo mundo afora, somando forças. Os senhores estão muito bem acompanhados. Estes temas estão fazendo falta no nosso mundo, de que vão sendo exiladas há algum tempo. Foram trocadas por conceitos e preconceitos de um neo-liberalimo míope. Felizmente estão voltando, com força. É preciso resistir, com outros valores.

Estou convicto de que as idéias que vocês defendem, como força motriz de um movimento, seriam assinadas prazerosamente por Agostinho da Silva, Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa, Camões, Vieira, Antero, Jaime Cortesão, Antônio Sérgio, Raul Proença, a rainha Sta. Isabel, inspiradora da Festa do Divino e tantos outros luminares de nossa cultura, do passado e do presente. O MIL e a Nova Águia são bem-vindos, neste momento em que se vislumbram novas luzes do fim do túnel.

Hoje dispomos de um veículo de comunicação veloz e altamente eficiente, para o bem e para o mal, que é a Internet. Por isso as mensagens de vocês chegaram rapidamente aos quatro cantos do mundo.

Faço votos que a Nova Águia siga os vôos da Águia matriz,que lhe serve de paradigma e inspiração. Que vá navegando nos ares não menos tumultuados de nossos tempos globalizados, trazendo novas luzes aos caminhos nublados que vamos trilhando.

Esclareço que, em essência, essas são as linhas de pensamentos que sigo, com enfoques diferentes, em função de uma outra prática. No Brasil tudo tem outras dimensões e outro rumo que os portugueses às vezes não conseguem discernir, até porque temos muitos Brasis. Pessoalmente vivo neste país há 52 anos, com uma vida sempre participante e ainda me surpreendo com muitas coisas. O Brasil não é apenas um país; é um mundo. É múltiplo; como Portugal também o é. È um desafio permanente à nossa mente. É fantástico. Um desafio permanente.

Se alguém disser que conhece o Brasil é porque não sabe o que diz. Há mais de 40 (quarenta) anos desenvolvemos, no “Grupo Educacional Abaeté – GEA”
[1], uma série de idéias e modelos de interação no processo sócio-educacional. Hoje estamos desenvolvendo projetos no Instituto Tropical do Pensamento Contemporâneo (Penca). Segue linha idêntica ao MIL mas com outra amplitude. A lusofonia é apenas uma das linhas.

Estamos reestruturando nossos sítios:
http://www.portaldalusofonia.com.br/
http://www.tribunatropical.blogspot.com/
http://www.vieira400anos.com.br/



MIL Saudações
José Jorge Peralta


[1] Abaeté é uma palavra Tupiguarani que significa: Homem integral, pleno (Aba = homem, ser humano, pessoa; etê = integral, pleno, de verdade)

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