quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


DIMENSÕES DA LUSITANIDADE

Reflexões de um luso-brasileiro

"O mito é o nada que é tudo"
F. Pessoa




1

PÁTRIA TRANSCENDENTE


Portugal, por sua atuação na história,
é muito mais do que alguns pensam ser,
ou que muitos de seus próprios filhos
são capazes de conceber e enxergar.

É um luminoso mito
que precisamos vivenciar,
sempre reverenciar,
e tentar compreender.

A nação é um enigma
que precisamos desvendar,
se lucidez tivermos
para este difícil caminho
conseguirmos trilhar.
A pátria é uma força perene e transcendente
que precisamos sintonizar,
e com carinho assumir

Vamos tentar
alguma luz achar
para esta questão decifrar,
sem preconceitos,
e com o mais lúcido olhar.


O Brasil é um país continente,
cosmopolita,
multirracial e multicultural,
independente e consistente.
Quem suas raízes procurar
na terra lusa irá achá-las.

Por sua cultura e extensão,
por sua pujança e presença
no contexto das nações,
a nação brasileira
é a líder da lusofonia.

Aqui é mais intensa
a lusitana presença.
Um espaço muito especial,
para sentir a fraqueza e as forças
daqueles que projetaram,
em longínquas terras e mares
a história de Portugal.







2

ESTIRPE LUSITANA

A nação brasileira, com clareza,
quer saber quem foi o povo
que na esquadra de Cabral,
aqui aportou
e que esta Terra colonizou
povoou, explorou e amou.

Como não podia deixar de ser
até algumas atrocidades praticou.
Pensar em tais fraquezas?!
Deixa para depois!

Sempre que o homem agiu
alguns pecados praticou.
Os pecados em que o luso tropeçou
não obscurecem a glória perene
que por toda a parte aqui conquistou.

Sua língua e cultura
e seu forte sangue nos legou.
Seu projeto de nação aqui ergueu.
Um grande futuro sonhou.
E seu sonho se realizou.

Foi um povo
de sangue multimilenarmente miscigenado,
numa grande síntese lusíada estruturado.
Homens e mulheres
para a aventura talhados,
foi desta grande síntese o resultado.

Celtas, visigodos e alanos
árabes, fenícios e cartagineses,
gregos e romanos
com os lusitanos guerreiros e camponeses
formam o vigoroso substrato
que no português resultou:
o povo que novos mundos
ao mundo revelou.

Este é o povo
que uma forte civilização
nos legou
e que sua força aqui multiplicou.

A vida de muitos para sempre aqui ficou,
e em novas vidas germinou.
Uma prole empreendedora aqui implantou.
Com árdua dedicação prosperou.
Queremos conhecer nosso pátrio avô.


3

NOSSA HERANÇA


Observando nossas raízes e nossa história,
é preciso afirmar,
com toda a convicção,
que o luso torrão
não pertence exclusivamente
aos que hoje vivem nesse chão.

Aqueles são os fiéis depositários
que garantem seu perene percurso histórico
sempre vital,
em permanente renovação.
Sem povo não há nação.

A pátria é muito mais que um território.
A herança cultural de que compartilham
é perene reivindicação,
dos lusofalantes
que nunca foi negada.
Nossas raízes estão firmemente fincadas
no luso torrão.

A terra lusitana
é uma garbosa nação
é orgulho da humana história,
para quem tem memória e alta visão,
sem preconceitos ou viés de vilão.
É da humanidade rico patrimônio.




É um país de indo-européia ascendência,
latino como a Itália,
a Espanha e a França,
de civilização multimilenar,
com rico e múltiplo substrato,
sempre dinâmica e sempre moderna,
sempre atual.

Defrontando-se com perenes desafios
do mar e de perigosos rivais,
apresenta dotes bem especiais,
garantia de sua inconfundível identidade,
cerne da lusitanidade.
É um povo talhado para a aventura
talhado para a discreta perene glória.




4

PÁTRIA PERENE

Nossa pátria, caro irmão,
é muito mais
que um simples pedaço de chão,
algumas pessoas que passam,
a verde natureza e edificações:
algo efêmero
que se esvai com um tufão!
A pátria só passa
quando morre
anêmica
nos humanos corações.

Roma perdeu a pompa
mas não perdeu a história.
Manteve acesa a chama de sua glória.
A Grécia foi pilhada
e manteve-se glorificada.

Roma e Grécia
mantém seu encanto,
sua vitalidade...
Sua glória revive perene
na cultura que nos legou.

Em verso e prosa são cantados
porque continuam vivos e atuantes
pelos quatro cantos do mundo espalhados
em muitas inteligências e corações,
estimulando criativas inspirações.



Como a Grécia e Roma,
Portugal mantém sua glória
para além do tempo e do espaço,
no grande pedestal da História.
O império se desfez
mas ficaram realizações;
novos povos
novas civilizações.

Seu nome está escrito para sempre
em letras de ouro sobre granito
no grande livro
da Humana Memória.
Tem um espaço privilegiado na história.

Está presente nos cinco continentes,
em novas civilizações multiplicado,
no Brasil, principalmente,
em Angola, Moçambique, Guiné e São Tomé,
e em todas as nações de lusodescendentes.

Por toda a parte a Alma Portuguesa
revive seu sonho de grandeza e beleza.
Inconsciente vai cumprindo as profecias
que para um mundo melhor a todos guia.


5

DITOSA PÁTRIA

Ditosa pátria
que criou nobres filhos:
D. Dinis e o Infante D. Henrique
Nuno Alvares Pereira e D. João I,
Bandarra, Vieira e Camões,
Antero de Quental e Fernando Pessoa
e muitos mais desta nobre linhagem.
Jamais será esquecida.

O povo que criou o Brasil,
Angola e Moçambique,
Guiné, Cabo Verde e São Tomé,
Macau, Goa e Timor,
e que pelo mundo todo
seu sangue e cultura multiplicou,
e nova luz disseminou,
a imortalidade tem por sina.

O que, pelo mundo afora,
fez e realizou o povo lusitano
feito está.
Jamais perecerá.
Na lembrança das futuras Gerações
celebrado será.
Tão grandes obras
o tempo não apagará.
Ditosa pátria
que tais filhos criou.
Honra eterna desfrutará.



6

PÁTRIA SEM FRONTEIRAS

Portugal verdadeiro,
por inteiro,
é uma parcela significativa e nobre
da Humanidade que nela se revela
e nela se descobre.
Da ocidental civilização
é destacado galardão.

Não cabe em seu território não.
Aliás transcende muito
os espaços físicos que ocupa
na parte onde com o mar
a Europa se defronta.

Espaço nobre privilegiado,
banhado pelo Atlântico,
por outros povos cobiçado,
no decurso da história,
mimoso jardim encantado,
à beira mar plantado,
por belo céu iluminado,
de olhar resoluto,
para além-mar voltado.

O mar profundo
é seu permanente e histórico desafio,
caminho de suas agruras,
de suas glórias e venturas,
de muitas e amargas desventuras.



No mar muitas lágrimas derramou.
O mar com imortal glória
sua coragem e tenacidade premiou.
Foi por ele que o português
o disperso mundo unificou.

Conquistador de novos mares.
Conquistador de novos mundos...
Esta incrível façanha
seu nome para sempre imortalizou.


7

MARCAS INGLÓRIAS

Alguns compatriotas descuidados
de aquém e de além mar
olham por vezes sua história e sua gente,
sua terra, costumes e cultura
com acanhada e frustrante visão,
e certo desdém
sempre incerto,
rançoso e às vezes repugnante...
O amor é cego e o ódio também.
Só o que é forte se mantém.

Em tudo o que é humano,
se não formos capazes de olhar penetrante,
há sempre mazelas para lastimar.
O indesejável também faz parte integrante
da humana condição.
Só erra que age e faz,
quem nada faz é simples e inútil diletante.

Em todo processo civilizatório
há muitas ações inglórias
que não se podem ocultar.
Nem dá para justificar.

Não foi diferente
entre gregos, romanos
ingleses, franceses, espanhóis ou americanos
árabes, judeus ou marcianos,
nem entre os incas, maias ou moiecanos,
guaranis, tupis ou tucanos.


O que é de fora é sempre melhor!!
Os que julgam severamente
sem uma ampla e total apreensão
amanhã rirão,
contrafeitos,
(se um raio de lucidez os iluminar),
de suas posições tão estreitas e tacanhas.




8

OS FORTES PERMANECEM

Que Portugal é uma forte nação
é o que comprovam
quantos tentaram massacrá-la
sejam portugueses ou não,
e tal intento não lograram.

Somos incapazes de interpretar nossa terra
a não ser quando dela nos afastamos.
Isto ocorre em todas as nações.
Ocorre no Brasil também.
Mas em Portugal parece mais notório.
Sem distância, nossa visão ofuscamos.

"Ó Portugal, hoje és neveiro!"
dizia profeticamente Pessoa,
na expectativa de novo amanhecer.
E Camões nos fala consternado,
de "um povo rude e endurecido",
apesar da glória que ele tinha proclamado
em imortal poema, sempre lembrado.


9

AUTO-ESTIMA


A auto-estima de um povo,
de uma nação
passa pelo conhecimento e valorização
de suas raízes
de suas humanas e culturais matrizes.
Nosso passado é o alicerce de nosso futuro.

Esta é uma questão vital
para todas as nações,
garantia de sua subsistência
e identidade original,
de sua força própria,
fundamental,
criadora,
atuante,
para não se deixar ir a reboque.

Se não encontramos fortes razões
sérias e consistentes
para nos orgulharmos da Pátria-Mãe,
tão intensamente presente
para sempre
nos mais longínquos e brasílicos rinções,
como poderemos nos orgulhar
desta terra
abençoada e bela,
nossa pátria e nosso lar?




Quem não ama
a terra que o viu nascer
e que sua visão de mundo talhou
ainda não aprendeu a amar;
para a vida ainda não desabrochou.


10

DIMENSÕES PLANETÁRIAS


O Portugal por inteiro,
para além do que alguém pensar possa
é uma entidade histórica
que se expande por toda a terra
muito além da Europa.

Está consubstancialmente presente,
por todas as Áfricas e Europa,
Américas, Oceania e na Ásia,
com marcante atuação
na multimilenar Índia, China e no Japão.

Por onde andou
imortais marcas imprimiu.
Na língua e costumes dos novos irmãos,
rica contribuição deixou.
Em compensação,
belos empréstimos léxicos e culturais recebeu
e muita cooperação.

As cinco quinas
em pedra esculpiu.
Em pedra e no coração.
Esta foi sua histórica e nobre missão,
de que a Providência o encarregou:
ser o mais forte elo de união,
de muitos povos e nações.




11

ESPÍRITO UNIVERSALISTA

Portugal não tem mais fronteiras.
Sua presença espalha-se pelo mundo inteiro.
Transcende muito seu histórico território.
O espaço que no mapa mundi ocupa
é apenas um imenso portal.

Aí o globo foi buscar seus desbravadores
para seu humanismo assimilar,
e mais e mais se enriquecer.
Seu espírito universalista
garante sua dimensão cosmopolita,
que o ensinou a todos os povos e culturas respeitar.

É isto que pressentiram
com sabedoria
os grandes baluartes do luso pensar,
Camões, Pessoa, Vieira, Bandarra,
Eça e tantos mais
que da Humanidade são porta-vozes imortais.

Estes são alguns dos mais autorizados
intérpretes da alma lusa,
estudiosos e admiradores
de sua incontestável grandeza,
e críticos esclarecidos e contumazes
de suas mazelas e mesquinheza.

Das grandezas de sua pátria
são avalizados pregoeiros
do humanismo cosmopolita
foram atuantes e incansáveis mensageiros.

12

PÉROLA EMPOEIRADA

Portugal por inteiro,
para muitos cidadãos conscientes,
é um espaço encantado e incerto,
lindo e privilegiado.
É uma pérola incrustada, bela,
embora empoeirada, esmaecida,
num promontório destacado
do globo terrestre.
Para seus filhos e agregados
é uma dádiva celeste.

Aí, nessa terra singela,
nasceram os homens que iriam expandir
o intercâmbio de todos os povos
revolucionando história, geografia e ciências.
Expandindo os horizontes
da humana consciência.

Com muito sangue,
perspicácia e persistência,
abriram caminho
para a universal renascença.
Aqui, criaram o Brasil,
e seu nome exaltaram.

Portugal, pela divina arte,
estrategicamente situado
no extremo ocidental da Europa
debruçado sobre o mar,
é natural portal do lendário Atlântico.
Trampolim para o desconhecido,
que com arrojo iria desvendar.

13

TERRA SONHADA

Portugal é muito mais
que apenas um país real.
É também um instigante mito,
um mito ancestral,
sempre renovado,
sempre vital...
um barco seguro e bem equipado,
de velas persistentemente enfunadas
arrojadas, venturosas,
pelos sete mares a navegar...

É uma força indomável
que vem do longínquo passado,
vive incerto presente,
projetando-se num futuro iluminado.

Para os que de sua terra
para longe viajaram
Portugal é uma canção sonhada
que toda e qualquer melodia supera.
É um estímulo forte e eficaz
que no dia a dia a vida faz mais audaz.

Isto é poesia
fruto de imaginação e fantasia?!
E porque não?
Mas também é eficaz energético
para o humano coração.




Muitas outras nações bem dotadas
podem enumerar,
orgulhosas, exaltadas,
excelentes glórias.
Mas cada uma tem sua marca
própria e inconfundível,
para a identidade de seus filhos
claramente estabelecer.


14

OS ANCESTRAIS

Portugal por inteiro
é uma terra predestinada
de nobres antepassados,
rudes e aventureiros.

É fruto original da miscigenação
de muitas etnias e povos
que por milênios aportaram
à ocidental praia lusitana
buscando mais acolhedor espaço,
que a fio de espada conquistaram.

A civilização greco-latina,
como fez por toda a Europa,
na África e na Ásia,
aí deixou mais profundas marcas.
A visão cristã as retemperou
sua mente iluminou
e para sempre consolidou.

Para sempre
latino, cristão e europeu
Portugal ficou.
Sua alma universalista
logo se consolidou.


Os celtas e os lusitanos,
com os fenícios, gregos e romanos,
formam o lastro original.
Estava traçado, deste povo,
o mais nobre destino:
Desbravador dos mares,
arquiteto do Globo unificado.


15

HISTÓRIA TRÁGICA E GLORIOSA

Portugal verdadeiro
é da civilização ocidental
o mais destacado timoneiro
que pelos sete mares se lançou.

A indomável visão deste povo
um novo mundo sonhou,
terríveis tragédias enfrentou,
novos espaços vitais palmilhou.
Foi assim, com muita coragem e dor,
que o globo terrestre unificou.

Foi alto o preço
que o povo pagou...
Em quantos lares
a desgraça da desventura entrou!
Quantas famílias a tragédia enlutou!
Quantas caravelas o mar tragou!
Em quantos órfãos e viúvas resultou!
A história trágica marítima
foi a mais triste história
de sofrimento e dor
que o mar testemunhou.
Mas o luso audaz não desanimou!

Em cada caravela que partia
era o sonho de um povo
que pelos incógnitos mares
seu destino cumpria.



Salve, Salve o povo intrépido
que tamanha façanha
ao mundo legou.

Portugal verdadeiro
é maviosa melodia
antiga e sempre atual;
Etérea e majestosa figura de mãe,
sofrida e orgulhosa,
humilde e altaneira,
muito humana e sentimental.

Esta história triste e gloriosa
é inspiração de coragem e fraternidade,
alegria e vivacidade,
pela terra inteira,
enquanto perdurar
a humana memória.


16

OS HERDEIROS

Quem são os herdeiros
destas glórias memoráveis
talhadas pelos quatro cantos do mundo,
com imenso sofrimento e dedicação traçadas,
mas para sempre consolidadas?
Onde estarão?

O povo prossegue persistente
seu próprio percurso,
pela magia da história acalentado,
orgulho de seu passado
esperança de seu futuro.

Hoje o luso empreendedor,
com o luso descendente, seu sucessor,
destemido e sonhador,
está, pelo mundo afora,
em pedaços repartido,
multiplicado,
mas sempre inteiro,
criativo.

Cada um dos sete povos lusófonos
é natural herdeiro
desta força original
lingüística,
cultural e moral,
que veio de Portugal
e em cada novo espaço
assumiu dimensão forte,
nova e original.

A lusa herança,
com a milenar história que acumulou,
a todos irmanou..
Da edificação de novos povos
com persistência e dedicação participou.

São sete povos irmãos,
a que se juntam com prazer
Timor, Macau, Goa e outros mais
por esse mundo afora.
São povos que vão se dando as mãos,
uns aos outros ajudando,
para garantirem sua vitalidade
e a própria identidade,
e sempre se engrandecerem.

17

PÁTRIA DE CAMÕES

O Portugal por inteiro
é a pátria que viu nascer,
crescer e prosperar
homens que honram
a humana dignidade.

É a pátria de Camões,
arqui-símbolo da lusitanidade,
poeta universal.
Viveu seu povo e a vida,
com amor e dedicação incontida.

Pelo mundo afora, seu talento expandiu.
Com exaltada e competente emoção,
os feitos de seu povo proclamou
em lapidares versos,
em bronze esculpidos.
Imortal memória lhes garantiu.

Os Lusíadas é estrela
de primeira grandeza,
no contexto colossal
da arte mundial.
É um dos mais belos monumentos
da humana destreza.


Brilha irradiante,
constante,
para além do tempo e do espaço.
É monumento grandioso
de arte e beleza,
glória da humanidade
eternizando Portugal.

Cantando seu povo,
cantou a humanidade
com versos sonoros,
audazes, imortais.
Cantou seu povo
por toda a parte,
com engenho e arte.



18


OS SENHORES DA TERRA


Portugal é a terra de Pessoa,
magnífico Camões dos modernos tempos.
Poeta de visão universalista
múltiplo, multiforme e competente.
É lido em todos os continentes,
por gente de todas as raças e cores.
Da vida, da pátria e do amor
é sonoro cantor.

É a terra de Vieira,
o orador dos magistrais "Sermões",
glória das tribunas mundiais,
políticas e eclesiais.
Da Língua Portuguesa
é exemplar e criativo escultor,
e seu mais brilhante imperador.

É a pátria de Antero de Quental
de Bocage, Garrett, Eça e Camilo,
de Namora e Saramago,
de Santo Antônio, o maior santo popular,
do Infante Dom Henrique, o navegador,
de D. Sebastião e Nuno Álvares,
e de tantos, tantos, tantos mais.


Portugal por inteiro
é todo um povo anônimo e forte,
capaz de pequenos e grandes atos
com sabedoria e emoção recheados,
conforme as exigências da cotidiana lida.
Um povo que jamais entrega os pontos.
A quem nenhum revés derrota,
ainda que o desaponte.

É a terra querida e amada
de grandes guerreiros,
intrépidos aventureiros,
destemidos, sofredores,
sábios e doutores, cientista e escritores,
incansáveis empreendedores.


19

VERSATILIDADE LUSITANA


Nas ciências, nas letras,
na religião e nas artes,
por toda a parte,
os portugueses se destacaram
e sua presença marcaram.

Em todos os campos
da honrada atividade humana
com afinco atuaram,
de sol a sol,
com admirável dedicação.

Pelo mundo a fora
deram e dão sua contribuição,
persistente e competente,
ao desenvolvimento das nações.

Na engenharia e na arquitetura,
na pintura e na música,
na dança, na escultura,
como na administração e na agricultura,
no comércio e na indústria,
na construção civil,
em todos os níveis da educação,
na pesquisa universitária
e na tecnologia de ponta,
e até na política,
é marcante sua atuação.

No saber e no fazer,
em todas as nações
os portugueses se dedicam e dedicaram.
Com muito estudo e experiência
suas mentes ilustraram
e mestres se tornaram.

No mundo urbano como no rural
nas aldeias, vilas ou cidades,
no litoral, como no sertão,
em terra, mar e pelos ares,
é fácil perceber a portuguesa atuação,
ajudando a construir a nação.

Nos momentos incertos da vida social
em meio à trama
que muitos envolve
e engana,
o luso nunca é o vilão.
Não transita na contramão.
Ele sempre atua na construção da nação,
e na humana promoção.

Humano como os demais
ele se distingue pela lealdade
pelo amor à honra,
à vida, à família e à nação.


20


PRESENÇA NO MUNDO


Portugal é a terra de um povo trabalhador,
criativo e sonhador,
que, não se contendo em sua pátria,
pelo mundo todo se espalhou,
e grandes obras edificou.
Aqui aportou
e este gigante consolidou.

Brasil, Angola, Moçambique,
Cabo Verde, Guiné e São Tomé,
Timor, Goa e Macau...
Em quantos territórios e nações
está consolidada,
a estirpe lusitana?

Os laços lingüísticos e culturais
são tão fortes como os étnicos e materiais.
Por tais laços
muitos povos se reúnem e entrelaçam
em magnífica aliança cultural
construindo a pátria comum
que é a lusa língua,
que a todos irmana.
Monumental!


Assim se constitui esta nobre e promissora
comunidade lusófona
por todos os quadrantes do mundo florescente.
O universalismo lusitano
pela língua e cultura veiculado
está definitivamente consolidado,
em todo o mundo civilizado.

Portugal é a pátria que viu nascer
e outros povos ajudaram a enriquecer
essa pérola da humana comunicação,
a maviosa e versátil língua portuguesa,
que a todos pertence por igual.

Esta pérola tão bela
ainda que mal polida,
mantendo sua original destreza,
a bela língua de Camões,
espalhada por cidades e sertões,
está situada, sem contestação,
como uma das maiores criações
da humana grandeza.
Com certeza.

6º centenário do Infante D. Henrique.
















VI

EPOPÉIA DOS OCEANOS






OU

= A EPOPÉIA DOS DESCOBRIMENTOS =





Aqui ao leme sou mais do que eu
Sou um povo que quer o mar que é teu!



1


DESTINO TRAÇADO


É de pasmar,
e palmas frenéticas bater!!
Que força colossal!!...
Um povo vai de mar em mar,
as tormentas enfrentando,
para novos mundos descortinar
e o globo terrestre unificar...
A fé e o império foi dilatando ...

Sua terra acolhedora e maternal,
não pôde contê-lo...
Seu coração, seu sonho, sua ânsia
não cabiam na terra lusitana
e pelo mundo se expandiram!
Glória perene conquistaram!

Transcorria o século quinze,
quando novas idéias
por toda a Europa fermentavam.
O Renascimento, com novas luzes,
novo tempo anunciava.

A audácia lusitana
por incógnitos oceanos
novos mundos
e novos rumos procurava.


Portugal, nos oceanos,
contrariando vetustos arcanos,
os monstros marinhos derrotou.
As naus lusitanas
com a tragédia e glória se depararam
e um mundo melhor descortinaram.

Que poder estranho!
Que garra tamanha!
Qual a força motriz de tal façanha?!
- Uma imaginação longínqua!!
- uma vontade férrea!!
Muita criatividade
e versatilidade!
- uma fé inabalável!...
- coragem intrépida!...
- indomável...
- persistência inacreditável.
Esta foi a receita infalível
que seu sucesso garantiu,
e à glória imorredoura
os guindou.


2

NAS SENDAS DO MAR

Portugal, pequeno grande Portugal,
portal de Europa
abrindo-se para o mundo!
Plantado à beira-mar,
no extremo da Europa ocidental!
A glória e a dor são teu fadário!

Canteiro de mil esperanças!
Jardim de rico espectro floral!
Terra de gente bela,
sonhadora, acolhedora,
sofredora e original.
País de vocação universal.

O mar é teu quintal,
teu jardim,
tua morada,
o espaço que precisas arar.
O mar é teu perene desafio,
teu destino
teu arco triunfal.

O mar é um livro sagrado
que soubeste ler e desfrutar.
É um livro aberto
em que a nova epopéia
de novos heróis,
com engenho e arte,
soubeste gravar.

O mar é tua vida,
tua história,
tua glória
teu pedestal.



3

SABOR DE MAR

As raízes culturais
dos povos da Lusitânia,
desde tempos imemoriais,
têm sabor de mar.

Lusitânia predestinada,
terra da LUZ, abençoada,
tens por sina
ao mundo abrir novos caminhos
e tua luz multiplicar.

O mar banha teu território
e banha a alma dos teus.
Moldando seu pensamento
e seus sentimentos,
penetra por seu idioma e cultura,
entrando por sua vida a dentro.
Portugal tem sabor de mar.

Portugal e o mar
eternamente
frente a frente
olhar no olhar
como duas esfinges misteriosas a se fitarem...
Um ao outro quer decifrar
e no alheio mistério penetrar.
Do mútuo destino
sempre compartilhar.



No mar ou em terra
o português se sente em casa.
O mar lhe deu novos caminhos
para pelo mundo se espalhar.
Portugal e o mar são amigos tradicionais.

Não se entende Portugal sem o mar,
seu perene parceiro,
seu irresistível desafio,
atraente e traiçoeiro.
No mar, a grande aventura
do ser e da vida
com glória imortal,
os lusos para sempre gravaram.

4

NO DORSO DO MAR

Cada povo tem suas glórias
fruto de arrojadas vitórias,
e até de heróicas derrotas.
A maior tarefa que Deus ao luso legou
foi os incógnitos e temidos oceanos,
intrépido, sulcar
e novos mundos ao mundo revelar.
Glória sem par!

As lusas caravelas cumpriam
com coragem e determinação
a voz cativante de divinas profecias
cujo teor desconheciam.
A fé os iluminava e impelia.

Em leves naus,
enfrentando tormentas e mil dificuldades,
o luso sua missão desempenhou.
O dorso do mar,
com persistência, dominou.

Para uns, a audácia
em tragédia se transformou.
Para outros
a vitória os coroou.
A glória imortal de todos
a história proclamou.

O mar feroz e revolto
tornou-se esplanada real,
por onde as caravelas
garbosas transitaram
e a fúria das tempestades
afrontaram.

De braço em braço,
de mão em mão,
de passo em passo,
os lusos empreendedores
a todos os povos do globo terrestre
abraçaram em universal confraternização.

Para Portugal,
os oceanos
são a extensão
do próprio torrão natal.

São um leal e fértil aliado
cujo pacto
deve sempre ser respeitado.
Os lusos, navegando os oceanos,
por seus fantásticos feitos,
pelo atônito mundo,
a todos assombraram.

5

DOMADORES DO MAR

Os oceanos rebeldes,
assustadores, indomáveis,
qual cavalo selvagem
foram pelos lusos cavalgados
para a outras terras chegarem
e com outros povos confabularem.

Para tal façanha alcançar,
quantas naus, no revolto mar,
naufragaram!
Quantas vidas se perderam
Quantas mulheres jovens
enviuvaram!
Quantos filhos, em tenra idade,
de repente,
órfãos ficaram!
Quantas noivas em flor
ficaram por casar,
sós,
sem um companheiro
para a vida compartilhar.

Dor e glória
com persistência inabalável,
as leis indomáveis do mar
os lusos dominaram
e dele familiares ficaram.
Frutífera convivência consolidaram.

Valeu a pena? Pergunta o poeta,
nosso profeta maior.

Com ciência, coragem e criatividade
os lusos arrojados
às forças dos oceanos se amoldaram.
No dorso do mar,
por todos os oceanos navegaram.

Domadores dos mares
no campo da batalha marítima,
lutando de vaga em vaga,
senhores dos mares,
por próprio mérito,
as divindades os proclamaram.

Os oceanos,
terríveis barreiras temidas,
em largos e traiçoeiros caminhos
ameaçadores
por toda a parte espreitavam.
Com rugidos ferozes
as tempestades aos aventureiros fustigavam.
Ante a bravura lusitana
os mares tenebrosos
de azul-esperança se vestiam
e o céu que o encobria,
pleno de alegria,
se vestia de cor de rosa!

Valeu a pena, sim,
por que a missão a cumprir
valia milhares vidas
e o luso navegador
destemido e orgulhoso,
tinha um coração maior do que o globo.


6

PREÇO DA CONQUISTA

Após investidas múltiplas,
às vezes insanas,
Portugal aprendeu, a duras penas,
a dominar
as forças do mar.

Seus conhecimentos se acumularam,
com experiências estudadas
e mil aventuras
umas trágicas outras vitoriosas
sempre gloriosas.
Era a “ciência
só de experiências feito”
de que nos falou Camões.

As naus tomaram novo formato.
As velas à nova missão se adequaram.
A bússola que os norteava
eles a aperfeiçoaram.
O sextante melhor prepararam.
A luneta com que as longínquas terras
no alto do mastro observavam,
mais versátil tornaram.

Com novos instrumentos
e mais positivo pensamento,
destemidos,
aprenderam a enfrentar
a marítima adversidade.

Aprenderam a dominar
terríveis tempestades,
ondas descomunais,
calmarias entediantes
e o desconhecido explorar
para novos mundos
ao mundo revelar.

A ciência e a experiência
os lusos sempre associaram.
Aprenderam a controlar
as forças dos ventos
e a fraqueza do humano sentimento
e a atemorizante tradição
que de monstros os oceanos povoara.

Das antigas mitologias
os arcanos violaram.
Alto preço pagaram.
Glória imortal conquistaram.

Adamastores revoltados,
ameaçadores,
por verem seus segredos
desvendados
e sua antiquíssima privacidade
ameaçada,
os lusos sempre encontravam
por todos os cantos dos mares.

A “História Trágica Marítima”
grandes tragédias à posteridade revelou.


Mas ao ânimo luso
os monstros míticos
não afrouxaram.
Apenas o fortaleceram.
O desafio sempre ao luso fortaleceu...
e mais e mais o estimulou.
Aos bravos a tragédia fortalece
e sua vida enaltece.

A epopéia dos descobrimentos
não foi um mar de rosas, não.
Mas ao luso desbravador
que dos celtas, romanos e árabes
tanta garra e coragem herdou
a desafio nunca o desanimou.

Quantas vidas humanas se perderam
pelos mares infindos!
A violência das águas
sua voz para sempre silenciou!
Mas a esperança que os animava
nenhuma tragédia abalou.

Quantas naus no fundo do mar
para sempre adormeceram,
naufragadas
por irresistíveis temporais?...

Outras naus mais sortudas
sua missão cumpriram:
foram e voltaram.
Novos caminhos
para sempre desvendaram.
Novos rumos ao mundo descortinaram.


7

O PREÇO DA GLÓRIA

Cada naufrágio
soterra nas águas
mil esperanças
e mil promessas de uma vida melhor
para os que em terra
aguardavam!

Quantas famílias,
na miséria e na dor,
para sempre naufragaram!
Preços descomunais
os lusos pagaram!
Mas não retrocederam
e então venceram.

Uma força maior que eles os impelia:
era um plano divino
que por seu esforço e dedicação
finalmente se cumpria.

Era esta titânica persistência
e alta competência
que a humanidade há muito aguardava
para as fronteiras do mundo derrubar
e, pelo mar,
o globo unificar,
e todos os povos reunir.

A conquista dos oceanos,
meu caro irmão,
não é obra de comuns mortais.
Não é não!
É obra sobrehumana de dedicação,
ciência e esforços colossais.

8

PORTUGAL E OS OCEANOS

Destino descomunal
de um povo para a aventura talhado!
Foi ele o porta bandeira
da grande epopéia dos descobrimentos,
que as fronteiras da ocidental civilização
para sempre ampliaram,
numa fantástica mundialização.

Nesta arriscada e venturosa missão,
todos os caminhos do mundo
seus navegadores interligaram e cruzaram,
muitos povos desconhecidos aproximaram
e mil belezas revelaram.

Ao leme das frágeis naus,
no capitão personificado,
estava um povo arrojado
que dos perigos desdenhava.
Uma força mais poderosa o impelia.
Um futuro melhor almejava.

O reino flúido das águas
foi sempre para o luso
um desafio sem trégua.
O domínio das águas
foi sempre seu destino,
quase um apelo divino.

9

PACTO GLOBAL

Singrando os desconhecidos mares,
destemidos,
sem temor das tormentas,
por mares e terras inóspitas,
suas pegadas indeléveis deixaram.
Palmilharam por terras e mares
que antes nenhum humano visitara.
Quantos com a própria vida
seu arrojo pagaram?!

De porto em porto,
de oceano em oceano,
desconhecidos povos aproximaram
em amistosos laços
e num forte abraço.
Todos as nações entrelaçaram
numa única família universal.

Portugal e os oceanos
para sempre
seus destinos e segredos
mutuamente revelaram.
Em luminoso sonho e sangue
perpétua aliança pactuaram.

Por isso dedico este canto,
com o coração quente
exaltado,
a este povo arrojado
que das lei da morte,
por próprios méritos,
foi libertado.

10

MUNDOS ALÉM-MAR

Da foz do Tejo,
dali do Restelo,
cercanias da Torre de Belém,
saiu incrível força
que o território luso
não mais conseguia conter,
nem deter.
Pelo mundo afora
nova luz irradiou.
Bem longe aportou.

Eram os lusos navegadores
que em leves caravelas
do porto zarpavam.
Incrível sonho os guiava...

O sonho estupendo e incrível
do Infante Dom Henrique,
olhando por entre as brumas seculares
os mundos além-mar,
desconhecidos do europeu,
precisava se realizar!
Até onde
o sonho iria o luso levar?

Fitando o indefinido
no promontório de Sagres,
o Navegador sonhava... sonhava...
Divinas utopias ao longe materializava.
O "impossível"
de seu vocabulário não constava.

Cada sonho em intensa realidade
logo se transformava.
Só grandes sonhos
podem a grandes feitos provocar
e a realidade transformar.
11

NOVA AURORA

O sonho de Henrique, o Navegador,
lançava-se ao mar,
intrépido,
nos braços fortes dos portugueses,
na vontade indomável dos descobridores,
que o desconhecido desafiaram.

Navegando em frágeis caravelas,
afrontando velhos mistérios,
sofrendo fome, angústia e tristes moléstias,
foram desbravando desconhecidos mundos!
Partiam porque queriam
mas ignoravam quantos voltariam.

Cumpria-se misterioso vaticínio
pelo rei D. Dinis vislumbrado.
Portugal e os oceanos
histórica aliança firmaram.

Nas caravelas intrépidas,
a cruz da Ordem de Cristo,
como luminoso logotipo,
revelava a força impulsionadora
que para novos mundos as enviava.
O sonho dos templários
finalmente se concretizava?!
Nova aurora para o mundo despontava.

Quem mais
de tal façanha seria capaz?!
Este é o grande mérito do luso audaz.
A história para esta missão o marcara!
Alta glória conquistara.

12

OUSADIA LUSITANA

A ousadia de Portugal,
desafiando os oceanos,
e as inúmeras tragédias
que as forças humanas superaram
e preciosas vidas tragaram,
a rota das civilizações deslocou
e novos povos e novas belezas
ao mundo revelou.

Com a era dos Descobrimentos
que o luso iniciou,
uma nova e plural humanidade
a mútua descoberta festejava.

A globalização sua força experimentava.
O eixo da cultura eurocentrado
em novos centros se multiplicava.
Um novo mundo
nas lusas caravelas brilhava.

Vibrantes trombetas celestes
o grande feito celebravam.
Os céus de estrelas se enfeitavam.
As aves, mais alegres,
pelos espaços livres esvoaçavam.
A terra de flores se engalanava.
Todos a audácia lusitana aclamavam.

A voz tonitruante de Netuno,
deus do mar,
por todos os oceanos ecoava,
com vigor e determinação:
"Vem, luso navegador,
vem meus segredos compartilhar
e de minhas riquezas desfrutar!
Vem, para todos os povos,
melhores dias descortinar.
Vem, no reino olímpico dos deuses,
a glória de teus feitos
entronizar.”

O português, com enigmático fervor,
seu oceânico pendor
de um povo lépido e sonhador
jamais deixou de abraçar.


13

GLOBO UNIFICADO

E o mundo, de repente,
sentiu-se um portento.
O mar que os povos separava,
agora os unia e abraçava.
O planeta Terra, unificado, exultava.

Acordado estava o grande gigante.
Do milenar sono despertava.
Nas caravelas de Magalhães
se reconhecia globo,
coisa que ao certo ninguém sabia
mas alguns já desconfiavam.

O português sacudiu o mundo,
libertando-o para sempre
da letargia secular em que se movia.
Abriu novos espaços,
encontrou riqueza e beleza,
dando melhores condições de vida
à humanidade sofrida.

As fronteiras da européia civilização,
quebradas como num tufão,
pelo quatro cantos do mundo,
com novas culturas se cruzaram.


Todas as direções da rosa dos ventos,
por todo o globo se cruzavam.
Oriente e ocidente
finalmente se reencontraram.
Irmãos de todos os povos
que há milênios não se viam,
e mutuamente já se desconheciam,
atônitos se confraternizavam
inconscientes do que se passava!!!

O alvorecer de nova era
nas caravelas portuguesas despontava
e nova vida para os povos anunciava.
Navegando pelos sete mares,
de ilha em continente,
Portugal sua missão desempenhou
levando novo sol e novo calor
a todas as civilizações.
Mutuamente todas se enriqueceram.

Espanhóis e ingleses
italianos e franceses
a esta hercúlea tarefa,
a que o luso se dedicava,
suas naus lançaram
e desta glória participaram.
À ampliação das fronteiras do mundo,
muitos com heroísmo se dedicaram.

A tarefa foi árdua para todos,
às vezes trágica.
Houve perdas, por certo,
mas o saldo foi maior
para toda a humanidade.
Era preciso e inevitável.
Valeu a pena.


14

A TERRA SURGIU REDONDA

O planeta Terra descobriu suas dimensões.
"A Terra surgiu redonda
do azul profundo," assevera Pessoa.
"E se mais mundos houvera"
este povo lá chegara...
proclama orgulhoso o épico Camões,
que cantou a glória lusitana,
com um poema não menos glorioso
que perpetua esta história
qual eterna chama.

Nas mãos de rude navegador
em monumento transformado,
vejo brilhar o globo mundo,
bem alto erguido
e do desconhecimento libertado.

O luso navegador
qual estupendo argonauta,
é o novo herói da Humanidade,
em prosa e verso aclamado,
e em granito eternizado

A Terra saiu esbelta, admirável,
das trevas mitológicas em que se ocultava.
Entrando, triunfante, na história,
o mar tenebroso se iluminou.


A noite que o cobria se dissipou.
Os monstros marinhos se precipitaram
no despenhadeiro do mito a que pertenciam.
Estupendas maravilhas se desvendaram!!!

Pela ação de Portugal,
os oceanos que os povos separavam
as pazes com os humanos
orgulhosamente
para sempre selaram.



15

OBRA DEFINITIVA

O que queriam os portugueses?
Era sede de poder, de dominação?
Queriam da fé e do império a expansão?
Queriam riquezas, ouro, territórios?
Buscavam glória?
Buscavam isto tudo e muito mais.

Mas isto não mais importa.
São questões para intelectuais.
De tudo, o que ficou é o que importa.
É o que a história registra
e a humanidade agradece.

Isto tem um custo, sim.
Não se fazem omeletes sem ovos quebrar...
O que hoje queremos saber
é se valeu pena
tanta dor enfrentar,
tal preço pagar.

Os caminhos abertos
jamais se fecharão
e os Adamastores dos mares,
assustadores,
para sempre, nas profundezas dormirão.
A sofrida humanidade
de novos e luminosos horizontes desfrutou.
A utopia em realidade se consolidou.



As muralhas dos sete mares
e dos quatro cantos da Terra
o português derrubou
e o disperso mundo
unificou.

Portugal, pelos oceanos,
novos caminhos para os humanos
por todo o globo traçou.



16

DIVINAS AUDÁCIAS

Um brado de união
de solidariedade e confraternização
pelo mundo ecoou.
E a humanidade se transfigurou.
Portugal, nos oceanos,
nova era proclamou.

Milagre de um povo predestinado!
Só uma força superior
será capaz de explicar
tamanha façanha
de um povo tão pouco numeroso
mas tão intrépido e audacioso.

Seu país tão pequeno,
sempre aberto à aventura,
por Deus foi escolhido
e para grandes ações talhado.



É o caso de perguntar
com espanto e admiração:
como alguém poderá explicar
que, com tão poucos habitantes,
bem menos do que habitam
em alguns bairros das megalópolis modernas,
Portugal teve força para fincar seus pés,
firmemente,
na Índia, China e Japão
pela África afora,
nas Arábias e nas Américas,
levantando por toda a parte
seu estandarte,
levando fraternidade
e a européia e cristã civilização?

A cruz da Ordem de Cristo
nas caravelas desenhada
uma mensagem de paz e fraternidade
ao mundo proclamava.


17

BANDEIRA DAS CINCO QUINAS

A bandeira de cinco quinas,
aos quatro ventos desfraldada,
pelo mundo afora hasteada,
para sempre se perpetuou.
Sua presença indelével
para sempre se consolidou.

Esta bandeira abençoada,
às vezes de sangue manchada,
sempre ousou.
A tragédia de perto a acompanhou.
Mas foi glorioso
o saldo de tudo que restou.

Sempre honrada e respeitada,
esta bandeira ousada
um mundo novo desbravou e comandou
até a tragédia de Dom Sebastião,
quando no areal africano tombou.
Sempre se superou.
Na dor e na tragédia
não se abateu.
O resultado do empreendimento,
jamais se olvidou.

Ao navegar o mistério dos sete mares,
Portugal e os oceanos
novos mundos
ao mundo revelaram.


18

PRODÍGIO DA MISCIGENAÇÃO

Aqui, no novo mundo,
o português criou o Brasil.
Obra ímpar da nossa civilização,
baluarte de fé e tenacidade,
modelar congraçamento de povos e raças,
alicerçado no poder da miscigenação,
sem discriminação,
apesar das inúmeras contradições.

Nesta grande missão
o luso pôs todo o seu empenho.
O Brasil é a maior obra
do humano engenho!

Miscigenação de povos e etnias
de raças, religiões e ideologias.
Congraçamento exemplar,
em permanente fermentação,
que à Humanidade dá lição modelar,
mesmo sem ter tal pretensão...

Aqui se corporificou um ideal,
um sonho descomunal
que enchia os olhos e o coração
do luso e intrépido irmão,
e de todos que com ele compartilhavam.


19

A LUZ DAS CARAVELAS

Só uma raça de fortes
poderia tal prodígio operar:
as cortinas do mundo despedaçar,
uma grande fraternidade construir,
a lusa língua tão eficazmente disseminar,
e o portal da história escancarar.

Assim o luso abriu espaço
para todos os povos
se abraçarem
se reencontrarem
numa imensa confraternização.

Muita gente de outras nações,
com imensa dedicação,
sua inestimável contribuição,
como irmãos,
aqui trouxeram.

Aqui se vive o ideal
da convivência universal,
que as caravelas lusas anunciavam.
Aqui, no Brasil,
microcosmos de raças, povos e etnias,
o mundo se sente global.

Uma nova civilização e convivência
luso-afro-asiática,
americana e européia
aqui se consolidou.
Nova e exemplar civilização dos trópicos
ao mundo se revelou.
Novos horizontes se descortinaram,
para a humanidade aturdida...
maravilhada.

As caravelas de Portugal,
sulcando os oceanos,
com nova luz,
novos mundos iluminaram.

E o globo terrestre
sua bela configuração, às novas civilizações,
definitivamente revelou.
Um novo sol,
em novo dia,
para todos os povos
brilhou.




20

A LÁPIDE

Muito obrigado luso desbravador
por tua coragem, persistência e destemor!
A humanidade te deve
e sempre te agradecerá,
em seu inconsciente coletivo,
por tudo o que por mares
e por ignotas terras
a todos revelaste.

Nós te agradecemos,
com incontida alegria,
pelo espaço vital
que a todos abriste:
pela decisiva contribuição
que ao bem-estar de povos e nações,
com tua natural sabedoria,
sem reservas ofertaste.

Após a grande epopéia
das caravelas portuguesas
a Humanidade assume novas dimensões.
Os mundos, mutuamente agora revelados,
os mesmos nunca mais serão.

Novo marco na história o luso fincou.
Há um antes e um depois
de que o luso
as novas rotas do mundo traçou.


Nós te agradecemos, luso empreendedor,
pela terra em que pisamos, vivemos e amamos,
e por tudo o que de ti herdamos;
pela confraternização universal
que tu nos ensinaste.
Obrigado pelo idioma versátil
que em nosso espírito gravaste.
Teu espírito empreendedor
cordato, sonhador e hospitaleiro
por toda esta terra se multiplicou.
Teu sonho de grandeza
por toda a parte se corporificou.
O português sempre ousou.
Forte exemplo nos legou.

Em grande e monumental lápide,
com letras de ouro,
em granito talhadas,
para a posteridade hei de gravar
uma imortal mensagem
com palavras inspiradas.
Será minha solene homenagem,
como estímulo às novas gerações,
para o futuro,
com orgulho,
conquistarem!

Hei de esculpir
em versos heróicos lapidares
um poema épico,
escultural,
em que possa expressar
a admiração por teus heróicos feitos
que em meu peito,
há muitos séculos,
tenho gravada.


Em todas as mentes e corações
de jovens e adultos
de todos os tempos e lugares
novos poemas épicos
serão esculpidos
e o mundo todo
será um alegre convívio!
Os jovens aprenderão a sonhar,
e a ousar.
Novos mundos ao mundo irão revelar.

A luz que aos lusitanos iluminou
e a força que pelos mundos os guiou
aos novos nautas virá inspirar.
Querer, saber e ousar
é a lição que aprendemos
dos homens do mar
para quem quer novos mundos
conquistar.

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