segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Gilberto Freire Polêmico?!

GILBERTO FREIRE POLÊMICO?!
A Questão Racial no Brasil

J. Jorge Peralta

Gilberto Freyre é um dos gigantes da cultura brasileira e lusófona. Foi destacado sociólogo, antropólogo e pensador, que a FLIP – Feira Literária Internacional de Paraty - homenageou na sua edição de Agosto de 2010.
Artesanato - Bahia
Homenagem bem merecida a quem tanto contribuiu para a caracterização da identidade nacional. Deu-lhe algumas das definições fundamentais, traçando-lhe novos rumos e vencendo preconceitos enraizados.
Gerou alguma polêmica inevitável, capitaneada por alguns sociólogos da USP.
Poucos escritores de hoje serão lembrados, daqui por 50 anos.  Gilberto Freyre tem um lugar eterno no Panteão dos maiores brasileiros e da Lusofonia.
A FLIP foi palco de divulgação cultural, onde se encontraram pessoas interessantes de muitos países; mas foi também um desfile de algumas  vaidades mal resolvidas, o que não é novidade.

Do lado das vaidades mal resolvidas, destacamos algumas críticas estéreis e nada produtivas contra Gilberto Freyre, o homenageado. A moda maledicente aprecia mais a crítica negativa do que a positiva, além de lhes inverter o sinal. Os organizadores  demonstraram  mais ampla visão
As pessoas continuam subindo no cangote dos gigantes para parecerem mais altas do que eles.
Foi assim que, alguns, em vez de destacarem os muitos valores permanentes do homenageado, procuraram destacar alguns defeitos, certamente inevitáveis, e com os quais  podemos também aprender..
FHC - Google
Foi nesse evento que o sociólogo Fernando Henrique proclamou uma jóia de bijuteria, ao dizer:
Freyre defende a ideia de que há aqui um “equilíbrio entre contrários”(brancos e negros). É uma ideia dialética que nunca se realiza, nunca chega a uma síntese”.
Uma frase imprópria de um intelectual respeitável; Um homem que foi presidente  do País, onde deixou sua marca indelébel, e é um baluarte de nossa História, precisa cuidar mais do que diz, de outro grande baluarte de nossa História. Mas  bem sabemos que os deuses também cochilam...
Os sociólogos da USP foram os grandes detratores de Gilberto Freire. Muitos já revisaram suas posições negativas.
A realidade brasileira contraria a certeza da frase fatídica: existe a síntese, sim, e não é nova: não existem os “contrários” a que o palestrante se refere. Sabemos que os componentes da Dialética exigem tese, antítese e síntese. Houve então uma falha de foco do autor da frase capenga. Onde está a síntese, na convivência solidária entre brancos, negros e mulatos/morenos, como veremos adiante.
 Ninguém pode negar ao Professor Cardoso o direito a ter opiniões próprias. Ninguém faria isto.  Mas todos têm direito a contestar o que consideram incorreto, expondo as próprias razões. Acredito que o Prof. Fernando Henrique, a quem muito prezo e respeito, estará de acordo com as observações que faço, a esta sua frase, que considero inoportuna, até para o seu currículum.
O autor tentou agradar gregos e troianos. Radicalizou e derrapou na razão. Foi uma frase sem base e vazia. Alguns o aplaudirão. A maioria consciente discordará, silenciosa, meneando a cabeça.
Cardoso apenas adotou uma atitude política, sem suporte científico. Fez teatro. Representou!  Seguiu o script, mas negou  a realidade.
Branco contra Negro?! Parece que alguns tentam criar pólos contrários, onde há apenas diferença, criando conflito artificial. Há problemas, mas de outro gênero. A diversidade é sempre estimulante.

A frase realçou algo superado. Esqueceu que, neste país, as pessoas são cidadãos, independente da cor de sua pele. O que aqui se avalia é o mérito e as competências de cada um.  Esta é uma afirmação relativa? Que seja. Mas é verdadeira.
A cor da pele é, há muito tempo, algo secundário, como a cor do cabelo, a altura ou o peso. Aqui não é Estados Unidos e nem África do Sul, de 30 anos atrás. Mas se for por questão de estatística, no Brasil somos: brancos, pardos, negros e peles vermelhas, pelo DNA básico do país. Hoje também somos amarelos. Somos um país cosmopolita.

A frase, com todo o respeito ao histórico do autor, é uma farsa talvez para atrair as boas graças de certas ONGs oportunistas, que jogam irmão contra irmão. Em vez de semear solidariedade, semeiam o conflito estéril.
Mandela - Google
Caro leitor, neste país, todos sabem muito bem que, brancos e negros andam juntos, sem se esmurrar, como ocorre em outros países que todos bem conhecemos. O Brasil é um outro caso, um novo paradigma. Mandela sabe disso, mas alguns brasileiros, por conveniência política, fazem de conta que não sabem.

A partir desta contradição e falha de apreensão que cria inúmeros equívocos sócio-político-culturais, desenvolvo mais ampla reflexão em ensaio sob o título: 

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